História do Jogo

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SABE DE QUEM FOI A IDÉIA?

Tudo começou em uma praia. No final de 2006, Van Toffler, presidente da MTV Networks, levou sua família à uma pequena ilha Caribenha para tirar desejadas férias. O ano havia sido difícil para ele, com reviravoltas em sua empresa e no mercado.

Um ano antes, Toffler havia criado a divisão de videogames da MTV com um único objetivo: expandir os negócios para onde seu público estava migrando: sejam os celulares, a internet ou os videogames. Uma de suas grandes tacadas foi comprar a Harmonix, a desenvolvedora original do jogo Guitar Hero, para que esta criasse um titulo parecido para a MTV. Tarefa árdua, já que a Harmonix teria que competir com sua própria obra-prima, que agora era propriedade da Activision.

Alguns dias depois de chegar ao local, Toffler foi convidado para almoçar com o fundador da Planet Hollywood, Robert Earl, e acabou se sentando ao lado de ninguém mais, ninguém menos, que Dhani Harrison (FOTO), o filho de George. Quando Toffler contou ao herdeiro Harrison sobre a compra da Harmonix, Dhani comentou que estava exausto naquele dia por ter ficado jogando Guitar Hero até tarde da noite. E deu a seguinte idéia ao presidente da MTV: “Sabe o que seria legal? Se você fizesse um jogo que desse pra jogar com a banda inteira!”

Toffler ficou chocado com a coincidência. A Harmonix já estava trabalhando na idéia do Rock Band, Só poderia significar uma coisa: era a missão da MTV conseguir colocar os Beatles neste novo modelo de jogo. E esta seria a grande vantagem sobre sua concorrente Activision: o Guitar Hero estaria com os dias contados.

“Fiquei amigo dos caras da Harmonix, especialmente do (CEO) Alex Rigopulos. Quando a idéia surgiu entre nós só de bobeira, não achamos qu aconteceria. Mas foi uma ótima idéia!”

Dhani Harrison

Toffler (FOTO) voltou à Nova Iorque disposto a convencer seus companheiros sobre o projeto. Agendou uma reunião entre Dhani e Alex Rigopulos, o co-fundador e CEO da Harmonix. Rigopoulos chegou à casa do filho da ex-lenda dos Beatles ansioso e cheio de expectativas. Ao perguntar “Não seria incrível fazer um jogo de vídeo-game com os Beatles?”, mas pôde acreditar na resposta positiva de Harrison.

CONVENCENDO SIR PAUL MCCARTNEY

Foi a vez de Dhani começar a fazer sua parte. Ele havia de convencer sua mãe, Olívia, e os outros sócios da Apple Corps., a empresa responsável pelos direitos dos Beatles: Paul McCartney, Ringo Starr e Yoko Ono. Seu entusiasmo contagiou a todos. No verão de 2006, Rigopulos e Paul DeGroover, VP sênio da divisão de games da MTV, voaram para Los Angeles para apresentar um protótipo do Rock Band à Olívia Harrison e Ringo Starr, e em seguida à Yoko e Sean Lennon. Todos amaram o jogo.

Rigopulos e DeGooyer ainda tinham que encontrar McCartney, uma tarefa nada mais simples que sentar-se para tomar um café com o Papa. “Você não consegue marcar uma reunião com o Paul, você simplesmente larga tudo ali e volta quando ele tiver tempo para você!” diverte-se Rigopulos. Eles viajaram para Londres para encontrá-lo nos famosos estúdios da Abbey Road. DeGooyer e Rigopulos colocaram seus instrumentos de plástico para funcionar e arrebentaram no jogo. Paul assistiu atenciosamente à demonstração. “Ficamos encantados. Ele parecia genuinamente interessado” disse Rigopulos. Mesmo assim, McCartney não deu resposta.

Ao voltar à Nova Iorque, eles descobriram porque: a Apple Corps. só estava interessada em fazer um Rock Band dos Beatles se fossem usadas músicas de toda a carreira da banda. Uma solicitação praticamente impossível no aspecto técnico. “Eles devem ter pensado que nós nunca voltaríamos. Eles pensavam que era uma maneira educada de se dizer ‘obrigado, mas não queremos’”.

Determinada, a Harmonix decidiu seguir em frente em sua luta. Mas para produzir uma música de Rock Band, a equipe precisa ter acesso à um arquivo digital com todas as pistas de uma canção separadas, para poder recriar cada instrumento. O problema é que as gravações do começo da década de 60 estão disponíveis numa só faixa. Isolar o baixo de Paul da guitarra de George dessa maneira torna-se impossível. As gravações cedidas pela Apple Corps eram de baixa qualidade, e por isso o trabalho seria árduo e dobrado.

Com uma pequena ajuda do amigo Jeff Jones, CEO da Apple Corps, eles chegaram até Giles Martin, o filho de George Martin, (NA FOTO, AO LADO DO PAI) que acabara de remixar uma série de canções dos Beatles para o álbum Love, que foi tema de apresentação do Cirque du Soleil. Ele estava por dentro de todas as fitas masters da banda. “As estrelas se alinharam”, se lembra DeGroover. “Giles estava com tempo disponível e ele tinha total confiança dos Beatles.”

Martin tinha descoberto uma maneira de isolar os instrumentos e vozes usando um software desenvolvido pela Cedar, empresa de Cambridge, na Inglaterra. O programa permitiu a Giles e à Harmonix a obter as exatas freqüências dos vocais de McCartney, por exemplo, e filtrar o resto. Depois de semanas dentro da Abbey Road, eles conseguiram desmontar cinco músicas, o suficiente para fazer uma demo.

Enquanto isso, a primeira versão do Rock Band foi lançada no final de 2007 se tornando um grande sucesso. Em uma esperta tacada, a MTV fez o Rock Band se tornar quase que uma central de jogos, lançando canções extras pagas, que correspondiam a fases inéditas do jogo, que poderia ser baixadas da internet. David Bowie, Radiohead, Metallica e o The Clash já estavam dentro do projeto. Mesmo que as vendas do game ainda não fossem maiores que o do Guitar Hero, estas músicas extras para download já batiam de longe o projeto da rival Activision.

Unindo forças, em fevereiro de 2008, Rigopulos, Martin e DeGooyer apresentaram sua demo de 5 músicas aos Harrisons, à Yoko e Ringo. Aprovação total. McCartney, também assistiu logo depois. Mas foi só quando voltaram à Nova Iorque que ficaram sabendo que Paul estava de acordo. Os Beatles eram do Rock Band.

LICENCIAR MÚSICAS DOS BEATLES: É A TREVA!

Próximo passo: licenciar as músicas. Talvez uma das partes mais complicadas para jogos como o Guitar hero ou o Rock Band. As produtoras dos games tem que pagar uma boa grana para diferentes partes, tanto pelas gravações masters como pelos direitos de uso. No caso dos Beatles, sempre tão confusos neste ponto, trabalho ainda mais difícil. As gravações pertenciam à EMI. Os direitos de uso, à Sony/ATV (que negociara com Michael Jackson). Outros direitos ainda estavam nas mãos da Harrissongs, empresa independente criado por George Harrison, e da Startling Music, de Ringo.

E para criar os personagens do jogo, ainda mais trabalho. A MTV teve que pedir autorização da Apple Corps. e conseguir com que os Beatles ainda vivos e os descentes dos já falecidos chegassem a um acordo. E para cada material de marketing que viesse a ser desenvolvido, mas autorizações seriam necessárias.

Depois de resolver os aspectos legais, revisar as demos, e recusar um proposta rival da Activision, os Beatles finalmente bateram o martelo com a MTV. Em outubro de 2008, quase dois anos depois do encontro na praia, a MTV e a Apple Corps emitiram comunicado informando que Rock Band: The Beatles estava à caminho. Anuncio que grou inveja e desconfiança da indústria da musica e dos games. Afinal, era bom demais para ser verdade.

Acordo feito, finalmente a Harmonix pôde usar todos os seus recursos para avançar no projeto. O lançamento acordado para o dia 09/09/09, data singular por causa da música Revolution Nine (lembra de John dizendo: “Number Nine, Number Nine, Number Nine”?), estava próximo, menos de um ano. O caminho era longo para adaptar a franquia à história dos Beatles.

O Rock Band original permite que os participantes assumam o papel de um rockeiro genérico, que ganha experiência e uma grande repertório, ao crescer em número de fãs, vestir roupas mais cool, fazer grandes shows e todas as outras características de um Rock Star. “Logo percebemos que isso não funcionaria com os Beatles. Eles já tinham tudo isso, fãs, dinheiro e fama, logo no começo.” Rigopulos conta.

A Harmonix teria que recriar a mitológica narrativa de uma banda histórica em uma quase inflexível fórmula do jogo. E tudo isso sem correr riscos de blasfemar a honra dos  sempre idolatrados Fab Four.

A SEGUIR:

Lancamento

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